senhor tempestade
[…O roteirista da minha vida é um carrasco…]
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Poderia um coração morto voltar a bater?
Poderia alguém que se esconde encontrar o amor?
Gael Prieto é um advogado competente, implacável e arrogante. Bem sucedido pessoal e profissionalmente, tem a vida que qualquer um sonharia pra si. Mas um deslize, um erro de julgamento faz com que ele perca o seu maior tesouro.
Agora tudo o que Gael quer é que essa dor pare. E vingança. Isso ele também quer muito.
Bárbara Cardoso é atrevida, falante, amistosa. Mas solitária, porque tudo o que procura é viver em segurança com seu filho. Isso muda quando ela conhece o “Senhor Tempestade”.
Entre descobertas e recomeços, um segredo do passado pode colocar tudo a perder.
Uma história sobre segundas chances, autoperdão e o poder do destino
Nesse livro você encontra:
Conteúdo +18
Cenas hot de tirar o fôlego
Gatilhos
Este livro não é Dark mas possui temas sensíveis. Respeite seus limites.
Amor puro
Amor que supera a dor e os obstáculos da vida
Sensibilidade
Temas reais e profundos
Capítulo 1
Sinto os primeiros pingos da chuva, que vinha ameaçando desabar, batendo em meu rosto, mas nem isso me fez diminuir o passo ou sequer pensar em parar de andar. Já venho caminhando há tanto tempo que deveria, a esse ponto, estar sentindo alguma coisa, além do insuportável vazio em meu peito. Mas não sinto nada, nem cansaço, nem câimbras. Sinto frio, mas não posso dizer que isso, talvez, esteja relacionado com a temperatura do dia. É um frio interno, que vem de dentro. Cadavérico.
“Sinto muito, senhor Prieto. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.”
Continuo ouvindo a voz do médico sendo alternada pela voz de meu pai, que me telefonara horas antes, pedindo que eu fosse ao hospital.
“Gael, filho, é a Mel. Você precisa correr.”
Como pode tudo desandar em tão pouco tempo?
A chuva aumenta, as ruas estão vazias e logo vai amanhecer. Eu não tenho ideia de que horas são, sequer sei onde estou agora, tudo o que eu vejo é um borrão. Quero somente continuar andando, sem rumo, até desabar de exaustão.
Tomara que eu morra no processo.
O toque insuportável do celular me faz parar, não antes de sentir uma pontada no peito. Esse toque foi ela quem escolheu. A “Marcha Imperial” de Star Wars, o que sempre me tirava algumas risadas (internas, às vezes) quando soava em meio a alguma reunião.
“— Vou parecer infantil, Sofi. Imagina eu, entrando no tribunal para defender um cliente grande, e essa música começa a tocar?
— Pois é. Imagina? ‘Oh, meu Deus, vamos ter que derrotar o Darth Vader!’ A não ser que o promotor seja o Luke Skywalker, meu amor, isso vai soar ameaçador o bastante!”
Fecho os olhos, enquanto seguro o aparelho, com tanta força que poderia esmagá-lo se isso fosse um filme. A vontade que eu tenho é de jogá-lo longe, desde que saí daquele hospital, sem rumo e sem um pingo de sanidade, que ele vem tocando insistentemente. Olho para a tela iluminada e vejo que tenho 47 ligações não atendidas, mas não tenho a menor intenção de checar quem me ligou. Não importa mais. Nada me importa mais.
Estou prestes a voltar o aparelho para o bolso da calça quando o som de uma freada me chama a atenção, e vejo o carro prata estacionar ao meu lado. Suspiro, nervoso comigo mesmo, por não ter imaginado que eles usariam o rastreador do meu celular até me encontrar.
— Gael! Até que enfim te achei!
A voz de Pedro chega até a mim, mas mantenho o corpo reto, olhos no horizonte, sem me importar com a chuva torrencial que desaba na minha cabeça. Ele parece não se importar com ela também, porque ouço quando a porta do carro bate e escuto seus passos em minha direção.
— Mano… vamos pra casa.
— Pedro — respiro com dificuldade, mal consigo reconhecer a voz que sai da minha garganta —, me deixa em paz, por favor. Eu só quero ficar em paz.
— Está todo mundo preocupado contigo, cara. Vamos pra casa.
“Casa”. Essa palavra me trouxe alento nos últimos anos. Era para onde eu sempre queria voltar. Um trabalho mais longo, uma reunião chata, um convite para uma “esticadinha” e tudo o que eu conseguia pensar era “não vejo a hora de chegar em casa”. Era lá que eu tinha tudo o que eu precisava. Meu porto seguro.
Ouvir que tenho que voltar para casa agora parece um machado afiado terminando de arrebentar o que não tem mais conserto.
— Eu não tenho mais casa, Pedro. Você sabe disso.