entre oceanos | 1
[…Um amor incondicional e um oceano de distância….]
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O quão tarde é para recomeçar?
Após descobrir que seu relacionamento de dez anos foi um fracasso, Maria Luiza resolve largar tudo e seguir para outro país. Cinco anos depois, ela está de volta, convocada para fazer um favor à sua melhor amiga. O que ela não esperava é que nessa passagem relâmpago pelo país, conheceria Vicente, um delegado de polícia, tão perdido quanto ela, quando o assunto é coração.
Vicente Avellar é solitário, rabugento, competente e dedicado. Faz seu trabalho muito bem feito, mas seu sonho nunca foi ser policial, queria mesmo era ser médico. O que o levou a mudar de ideia? O assassinato de seu pai, o investigador de polícia, Vagner Avellar. Morto quando Vicente tinha somente quinze anos, o crime nunca foi solucionado, e isso entrou na cabeça do garoto, de tal forma, que ele fez como objetivo de vida prender o assassino.
Tudo o que Maria Luiza quer é ser suficiente para alguém, coisa que ainda não aconteceu… Vicente também desconhece esse sentimento, vivendo em completo estado de abandono afetivo. Porém, não estava em seus planos encontrar o amor, ainda mais, a um oceano de distância.
Ela acha que é tarde. Ele acha que não é o bastante. Serão eles, capazes de superar todos os obstáculos?
Nesse livro você encontra:
Adrenalina
Uma trama policial de abalar o coração
Emoção
Em personagens inesquecíveis
Encontros e desencontros
Personagens quebrados
Romance
O amor em suas nuances
Capítulo 1
1 – Você vai se machucar
Cinco anos atrás…
Dormi horas, mas o dia ainda está claro e a casa em silêncio. Fecho os olhos novamente, sentindo a cabeça latejar. Depois de tanto tempo sem me alimentar direito, devo estar com anemia ou algo do tipo. Decido me levantar e buscar algo para comer. Depois dos piores meses de minha vida, parece que as coisas resolveram tomar seu curso. Finalmente.
Sigo pelos cômodos à procura de Ivan, mas não o encontro. Estou, novamente, sozinha. Moramos juntos oficialmente há dez anos, mas desde que comprei esta casa, dois anos antes, ele não saiu mais daqui. Sempre ficava nos finais de semana, depois uma esticadinha além, ganhou uma gaveta, um lado do armário… Até que se mudou de vez. Não temos filhos, não casamos no papel e, depois de doze anos juntos, já sei que não chegaremos lá.
A casa está silenciosa, escura. As janelas fechadas deixam uma impressão claustrofóbica no lugar, talvez para combinar com a forma como tenho me sentido ultimamente.
Solitária como nunca mais pensei em me sentir. Há muito havia deixado de ser essa garotinha solitária e agora…
Sigo pelos corredores, analisando o local, com carinho. Esta casa foi amor à primeira vista, o clássico caso do “conhecido do amigo de um amigo” a colocara à venda e quando me mostraram, não pensei duas vezes. É a minha cara, principalmente o jardim, que olho agora pela janela do quarto dos fundos. Este é o local que temos a melhor visão do lugar, além de ser meu local preferido quando preciso de silêncio para pensar. Silêncio este, que parece não me abandonar mais.
Ainda do alto da escada consigo ver que a parte de baixo está escura e silenciosa. Bato a mão no controle do aparelho de som, fazendo com que o CD que ouvia antes de dormir continue tocando de onde parou. A voz de Steve Walsh[1] enche a sala, e me lembro de meu pai e de como ele gostava de cantar essa música nas esquinas de Inverleith. “Poeira no Vento…”
Pensar em minha infância me faz lembrar de meus pais, Paulo e Cecília, e em sua história de amor, que sempre será a minha favorita e, muito disso, por causa dele. Namorados desde a adolescência, ele iria pedir a mão dela em casamento, quando soube que sua amada tinha se apaixonado pelo belo escocês ruivo, que viera ao Brasil em busca de uma aventura incrível. Grávida, largou namorado, emprego e família, seguindo até o velho continente, onde, depois de dez anos e dois filhos, se deu conta de que não tinha realmente feito um bom negócio.
Veja bem, eu amava o meu pai, mas James nunca fora realmente o genro que toda mãe pediu aos céus. Sempre tive a sensação de que ele era um eterno adolescente de dezesseis anos, preso em um corpo de adulto, esperando pela eterna aventura incrível que nunca chegou.
Já Paulo era o oposto. Centrado, responsável, amoroso, trabalhador… Entrou em um relacionamento tentando esquecer a namorada fujona e acabou casado e com três filhos. Quando minha mãe retornou da Escócia, trazendo a mim e ao meu irmão a tiracolo, ele estava viúvo e não pensou duas vezes em nos aceitar como seus. Para Tony e eu, ele sempre foi nosso pai, ainda que amássemos também o nosso pai biológico. E essa simples lembrança me faz sorrir.
[1] Ex-vocalista da banda de rock progressivo Kansas