Devasta-me
[…Era pra valer, mas tudo o que resta agora é um casamento de mentira…]
Disponível para compra e download pela Amazon Kindle e Kindle Unlimited.
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Charlotte Montgomery é uma atriz de cinema em franca decadência. Vítima de escolhas malfeitas e uma sociedade machista que não aceita uma mulher imperfeita, ela sofre as consequências de seus erros.
Tom Radford é um ator novato em ascensão. Bonito, talentoso e simpático, o “senhor perfeitinho” é o rosto que o cinema britânico estava procurando.
Um trabalho em conjunto os une, e eles não poderiam ser mais diferentes.
A diferença não impede a paixão, fulminante.
A paixão não impede o desastre, iminente.
De perfeitos, eles se tornam estranhos, machucados por uma relação desgastada, recheada de equívocos e vivendo de lembranças. Até que o destino resolve agir.
Será o amor maior que a mágoa, capaz de apagar tudo e o destino poderoso ao ponto de permitir que uma história seja reescrita?
LIVRO ÚNICO.
Aviso: Conteúdo para maiores de 18 anos, pois possui cenas eróticas.
Quando o Ódio e o Amor colidem, são capazes de enlouquecer qualquer ser humano e devastar qualquer coração rendido e apaixonado.
Nesse livro você encontra:
Conteúdo +18
Cenas hot de tirar o fôlego
Romance
O amor em suas nuances
Charlie Montgomery
Atriz em decadência
Tom Radford
Ator em ascensão
Prólogo
A rua vazia, provocada pela chuva forte e pelo adiantado da hora, é a única testemunha de meu desespero. Sinto os pingos baterem em meu rosto, ensopando minha roupa, a necessidade de erguer a mão e tirar os fios molhados que grudam na pele e atrapalham minha visão a cada vez que eu tento me localizar.
Não vejo nada, não consigo enxergar um palmo à minha frente. A vista totalmente nublada pela decepção, desestabilizada demais para ter um rumo.
Paro em uma esquina qualquer, escoro a mão em um dos postes de luz. Sinto o peito doer, corroído pela raiva. Pela tristeza.
Eu não vi acontecer. Como eu não vi? Será que esteve à minha frente, por tanto tempo assim, e não prestei atenção?
Encontros até tarde, ensaios, viagens a trabalho, gravações, entrevistas. Em que ponto isso tudo aconteceu e eu perdi?
Aperto as mãos, com força, sentindo a unha cravar minha palma. A dor despontando, me tirando o fôlego.
Um trovão ecoa no céu, e a força da tempestade aumenta. O céu recebe cargas de energia, clarões mostram as nuvens carregadas, o som retumba no alto e responde em meu peito.
Inspiro fundo, engolindo o choro, e impulsiono o corpo, continuando a correr. São algumas quadras até minha casa, nossa casa, o lugar onde menos estive durante os últimos meses. Tentando, incansavelmente, recuperar uma vida que eu já havia perdido.
Estava, novamente, sendo reconhecida. Idolatrada.
Tola.
Buscando coisas que não me faziam bem e perdendo o que me deixava sã.
Perdendo.
Eu perdi, não acredito que o perdi.
Ele era tudo o que eu tinha.
O escuro não me deixa ver o caminho, as poças de água tomando toda o calçamento, a sapatilha que burramente usei para caminhar até aqui quase dissolvendo em meu pé. Piso em um declive e sinto o tornozelo dobrar, causando uma dor aguda que sobe por minha perna, me fazendo cair de joelhos em meio à poça.
Grito. Alto, tão alto que se alguém estivesse na rua neste instante não poderia me ignorar. Levo a mão ao local, esfregando, e fico em pé.
Molhada, dolorida, humilhada.
Eu deveria estar com sangue nos olhos. Pensando em mil formas de devolver. Ignorando minha consciência, que me acusa. Que diz ser minha culpa, que fui eu a provocar isso. Ignorando a dor que massacra meu peito com os flashes que invadem minha mente, incessantemente. Aquelas imagens… não, eu preciso esquecê-las.
Dou um passo adiante, sinto dor. O choro aumenta, os soluços irrompendo por meu peito. Não vou conseguir sozinha.
Olho em volta, calculando quanto tempo levarei até atravessar a ponte. Onde estava com a cabeça ao vir a pé, sozinha?
“Não precisaria estar sozinha, se não tivesse visto o que eu vi”, ouço uma voz me dizendo, lá no fundo.
Por que fez isso comigo? Logo você?
Meu coração dói tanto.
E dói mais por saber que fui eu quem alimentei isso. Quem causou isso fui eu!
Deveria ter voltado antes. Deveria ter dito a ele.
Eu queria poder mudar tudo. Fazer diferente. Eu queria, mas querer não é poder, e vou ter que conviver com isso tudo. Chega, chega de chorar.
Seguro na parede, firmando o pé. Testando o passo, para ver como dói menos.
Manco, tento de novo.
A passada falha, mas tento novamente.
Solto-a. Observo a larga faixa que terei que atravessar até chegar ao outro lado, e acessar a ponte.
Inspiro fundo. Mais um passo, a pisada sai errada e a dor sobe até o joelho. Aperto os dentes, evitando um grito, e dou mais um passo. E então outro. Oito longos e dolorosos passos até estar exatamente no meio da pista, me perguntando a necessidade de ser tão larga.
E então eu vejo, ao longe. Se aproximando, cada vez mais rápido, o que parece ser o farol de um carro esporte, em alta velocidade. Olho adiante, dou mais um passo. Não vou conseguir chegar a tempo.
Outro passo. A luz parece crescer sobre mim.
Outro passo. Não vou conseguir.
Ouço a buzina.
Sinto o baque.
Meu corpo bate contra o capô. Um barulho alto de freio responde dentro do meu peito. E então o contato com algo duro, de concreto.
Caio de bruços, o rosto colado ao chão, a chuva torrencial desabando sobre mim. A percepção do ambiente sumindo, tudo escurecendo, ficando ainda mais gelado.
Desaparecendo.